Nessa madrugada, recebi uma notícia inesperada e forte, tanto que não pude digerir sua magnitude imediatamente: uma de minhas amigas mais próximas está doente. Não é uma doença qualquer. É daquelas que podem ser brabas ou semi-brabas. Não se sabe ainda.
Eu não sabia o que dizer, então não disse nada além da impressão que tive de que Deus tem um propósito pra isso. Achei melhor falar sobre outras coisas: o ofício que o reitor da UFPA teria enviado pra o dono de um jornal de Belém, minhas crises, as crises dos outros... Não deve ser bom pra quem recebe uma notícia dessas achar que a vida se resume a isso. Desligamos o telefone e fui dormir.
Quando acordei, esse deve ter sido o segundo assunto que passou pela minha cabeça. A essa altura, meu estado de espírito já estava sendo nutrido pelas sensações que uma notícia como essa, normalmente, gera. Fiz o que qualquer um faz quando acorda e já estava pronto pra tentar vencer a avalanche de coisas que me esperavam nesse dia. Mas me forcei a parar. Não queria. Não tinha clima pra isso. Não estava no espírito pra parar e apresentar qualquer coisa a Deus, provavelmente, porque não estava me sentindo o último dos homens. Mas consegui.
Comecei dizendo que não sabia como fazer. As fichas começaram a cair e, com elas, as emoções foram aflorando. Então disse, como filho, apenas o que estava em meu coração. "Cuida dela. Mostra que o Senhor tá com ela (...) E se for possível, deixe-a conosco por mais tempo. Precisamos dela. Ela é importante pra nós. Mas que os teus propósitos se cumpram 100% atravéz dessa situação."
O que mais poderia dizer? Ele que é Deus e até o filho dEle, que também era Deus, disse: "...que seja feita a tua vontade e não a minha." Sei que orações podem mudar a história e que Ele conta conosco pra isso. Aprendi com Ele, quando pedia pela vida do meu pai após um infarto, por isso manifestei meu desejo. Mas finalizei dizendo, mesmo sem saber se estou preparado: "...100% dos teus propósitos."
Te amo, Lô.
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